Washington, 26 de agosto de 2025 – Um novo e ambicioso grupo político entrou em cena na capital norte-americana. Trata-se do Leading The Future (LTF), operação eleitoral que já nasce com US$ 100 milhões para financiar candidatos favoráveis ao avanço da inteligência artificial (IA) em disputas estaduais e federais até as eleições de meio de mandato de 2026.
Como o LTF foi estruturado
O LTF reúne três frentes de arrecadação em um único ecossistema: um super PAC nacional capaz de gastar valores ilimitados em propaganda, uma entidade sem fins lucrativos 501(c)(4) – que goza de isenção fiscal e pode usar menos da metade dos recursos em lobby – e um super PAC dedicado a pleitos estaduais. O desenho permite que o grupo atue simultaneamente em campanhas, elaboração de políticas públicas e articulação local.
Quem banca a iniciativa
Até o momento, o financiamento é liderado por nomes de peso do Vale do Silício:
- Greg e Anna Brockman
- Ron Conway
- Joe Lonsdale
- Andreessen Horowitz
- Perplexity, empresa de IA
Outros investidores devem ser anunciados nas próximas semanas.
Por que agora
Os organizadores afirmam que a proliferação de projetos de lei sobre IA nos 50 estados, combinada à dificuldade do Congresso em legislar sobre o tema, ameaça o crescimento do setor. A meta é criar um bloco parlamentar disposto a defender regulações consideradas “pró-inovação”.
Bilionários de tecnologia e política: um histórico recente
Desde a decisão da Suprema Corte no caso Citizens United v. FEC (2010), que liberou doações corporativas sob a justificativa de liberdade de expressão, grandes fortunas do setor de tecnologia ampliaram sua presença no financiamento eleitoral.
• Peter Thiel bancou candidaturas do zero, mas abandonou o meio citando “exaustão” após seguidas solicitações de verba do Partido Republicano.
• Mark Zuckerberg aportou US$ 350 milhões em iniciativas para ampliar o acesso ao voto em 2020 e depois foi acusado, por Donald Trump, de favorecer democratas.
• Elon Musk desembolsou US$ 300 milhões para o super PAC de Trump e outras campanhas republicanas; mais tarde cogitou criar um terceiro partido, recuou e passou a apoiar o vice-presidente J.D. Vance para 2028.
Trump se encaixa no perfil?
Com participação avaliada em pelo menos US$ 4 bilhões na Trump Media & Technology Group (TMTG), controladora da rede Truth Social, Donald Trump também figura na lista de bilionários do setor. A família expandiu a marca para memecoins, stablecoins, NFTs, uma empresa de criptoativos e, a partir de junho de 2025, para o Trump Mobile.
Trump Mobile: telefonia com selo MAGA
Lançado em 16 de junho, o serviço funciona como um Mobile Virtual Network Operator (MVNO) – empresa que revende planos de operadoras já instaladas. No caso, a parceira é a Liberty Mobile, sediada em um apartamento da Trump Tower em Miami desde 2018.
Especialistas ouvidos pelo The Verge explicam que:
- MVNOs dispensam infraestrutura própria, o que reduz custos e acelera lucros.
- Não há, até agora, um aparelho “Trump Phone” confirmado; caso surja, tende a ser um Android intermediário rebatizado.
- O modelo replica estratégias de marketing já vistas em iniciativas como a Mint Mobile, que teve Ryan Reynolds como sócio e garoto-propaganda.
A TMTG, por sua vez, continua deficitária: registrou prejuízo líquido de US$ 20 milhões no segundo trimestre deste ano, e o valor de seus criptoativos oscila de acordo com a popularidade do ex-presidente.
Próximos passos
Enquanto o LTF promete revelar novos doadores e detalhar suas primeiras investidas eleitorais, analistas veem a ação como a mais recente evolução do clássico lobby empresarial em Washington, desta vez impulsionado pela corrida regulatória da inteligência artificial.
Com informações de The Verge