Na noite de terça-feira, durante o 10º voo de teste do Starship, a SpaceX concentrou-se em verificar quanto o veículo consegue suportar situações de falha sem comprometer a missão. A companhia introduziu defeitos deliberados para avaliar o escudo térmico, a redundância de propulsão e o religamento de motores Raptor em órbita.
Escudo térmico sob pressão
O maior desafio para reutilização total continua sendo o escudo que recobre o estágio superior — também chamado de Starship. Em maio de 2024, Elon Musk classificou esse componente como o “último grande problema” rumo à reutilização completa. Revestido por milhares de azulejos cerâmicos e metálicos hexagonais, o veículo foi lançado com algumas dessas peças propositalmente removidas e com um novo modelo de azulejo de resfriamento ativo, para medir o impacto do aquecimento na reentrada.
A SpaceX busca evitar incidentes como o do ônibus espacial Columbia em 2003, quando a perda de azulejos resultou na morte de sete astronautas. Se os dados de voo mostrarem que as temperaturas permaneceram dentro dos limites previstos, a empresa avançará na meta de pousar o estágio em pé para rápida reutilização.
Teste de redundância de propulsão
Durante a queima de pouso do propulsor Super Heavy, os engenheiros desligaram intencionalmente um dos três motores centrais e acionaram um reserva. O procedimento simulou uma possível falha de motor e demonstrou a capacidade do sistema de continuar a operação mesmo em condição adversa.
Religamento em órbita
A SpaceX também realizou o religamento de um motor Raptor em espaço, marcado como a segunda vez que a companhia consegue essa manobra. Reacender motores fora da atmosfera será fundamental para missões de longa distância, transferências de propelente e, em alguns casos, liberação de cargas.
Ligação com o programa Artemis
A NASA destinou pouco mais de US$ 4 bilhões para uma versão do Starship que levará astronautas à Lua, com a primeira alunissagem prevista para meados de 2027. Para voos tripulados, a agência impõe metas rígidas de segurança que exigem provas em testes e dados de voo, incluindo escudo térmico confiável e religamento de motores.
Próximos passos
Os resultados do voo 10 serão incorporados ao Starship Block 3, que trará um Raptor de empuxo maior, melhorias nos flaps e atualizações em aviônicos, navegação e controle. A intenção da SpaceX é transformar esses aprendizados em operações de rotina, aproximando-se da visão de lançar mais de 24 vezes em 24 horas.
Com informações de TechCrunch